Equipe do Consultório na Rua leva grupo de usuários ao Cristo Redentor
Um momento de esperança para pessoas com histórias marcadas pela dificuldade do dia a dia nas ruas. Assim foi a última quinta-feira (23) para um grupo de sete pessoas em situação de rua que tiveram a oportunidade de ir ao monumento do Cristo Redentor, alguns pela primeira vez na vida. A ação foi promovida pela equipe do Consultório na Rua do Centro, baseada na Clínica da Família Nélio de Oliveira, que é composta por oito profissionais e dá assistência à população em situação de rua dos territórios da Central, Praça Mauá e Santo Cristo.
A ideia surgiu pela inciativa da assistente social, Miriani Costa, que queria proporcionar um espaço de lazer para os usuários, já que muitos não teriam essa possibilidade de acesso.
“Há algumas semanas vivenciamos muito sofrimento em nosso território, com perdas significativas para o álcool e outras drogas. Senti a possibilidade de ofertar um espaço onde eles pudessem compartilhar um momento único para todos. Isso trouxe lembranças, conhecimento e desejo de realizar planos, afastando- os, mesmo que por um período de tempo, dos espaços de vulnerabilidade para o uso das drogas. Disse a enfermeira da equipe, Marta Cascon.
Um dos integrantes do grupo, antes de ir ao passeio, estava deprimido e sem esperança, dizendo que não era mais possível reescrever a sua história, que o tempo dele já havia passado e que se sentia arrependido. Foi a primeira vez dele no monumento do Cristo Redentor. Depois de muito conversar com a equipe, ele relatou para a psicóloga, Nathalia Morim, que entendeu que aquele momento fazia parte de um novo ciclo de sua vida e que ele poderia, sim, escrever uma nova história.
O momento foi marcante para todos. A técnica de enfermagem Rizoneide Braga resume a experiência como um trabalho com plano terapêutico diferente e altamente eficaz.
“Quanta emoção! Poder compartilhar esses momentos com os usuários foi extremamente gratificante, uma experiência única permeada por altas doses de afeto, respeito e carinho. Observar seus sorrisos, o brilho nos olhares, nas exclamações de suas falas, no destravar dos seus corpos tímidos e retraídos que iam se soltando aos poucos e percebendo que tinham direito de ocupar aquele espaço. Isso é muito gratificante, é saúde, é política pública, é redução de danos e inclusão. Isso é equidade no atendimento do SUS. É isso o que o Consultório na Rua faz”, contou Rizoneide, emocionada.
Há onze anos o Consultório na Rua (CNAR) foi instituído pela Política Nacional de Atenção Básica, visando a extensão e a conexão de pessoas em vulnerabilidade social à atenção a todas as esferas da saúde com equipes multiprofissionais. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) mantém atualmente 10 equipes do Consultório na Rua, que atuam em 55 bairros da cidade. Cada equipe é composta por médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, agente social, psicólogo, assistente social e, em algumas equipes, também com terapeuta ocupacional.
