Saúde lança boletim inédito para o Dezembro Vermelho, que terá ações especiais nas unidades - Crédito das fotos; Edu Kapps/SMS
A cidade do Rio tem o menor índice de contaminação por HIV/Aids em 11 anos, mostra boletim epidemiológico inédito da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). O estudo aponta uma taxa de detecção de 29,6 casos por 100 mil habitantes em maiores de 13 anos no município, o melhor resultado de toda a série histórica, iniciada em 2014. A nova edição do boletim epidemiológico de HIV/Aids foi divulgada nesta segunda-feira para marcar o Dia Mundial da Luta contra a Aids, celebrado em 1º de dezembro. A data inaugura a campanha Dezembro Vermelho, na qual as unidades da rede municipal de saúde realizam uma série de ações especiais para conscientizar a população sobre a importância da prevenção e do tratamento do HIV/Aids e de outras infecções sexualmente transmissíveis (IST).
Desenvolvido pela Subsecretaria de Promoção, Atenção Primária e Vigilância em Saúde (SUBPAV), o boletim aponta que a taxa de detecção da doença teve uma redução significativa em comparação com o ano passado, quando o índice foi de 41,4 casos por 100 mil habitantes. A queda é consequência dos investimentos na expansão do acesso à prevenção do HIV/Aids, serviços disponibilizados nas clínicas da família e nos centros municipais de saúde. Entre outras estratégias, a SMS ampliou a oferta da profilaxia de pré-exposição (PrEP), que vem registrando recordes sucessivos de adesão: desde 2021, o número de usuários saltou de 1.305 para 22.025.
“Este é um resultado histórico, que reflete o papel central da Atenção Primária e o esforço de toda a rede em ampliar o acesso à prevenção e ao cuidado. Mesmo assim, não podemos baixar a guarda: é fundamental manter todos os cuidados contra o HIV, como a prevenção combinada, a testagem e, se necessário, o tratamento adequado. O Dezembro Vermelho é uma oportunidade para combater o estigma e o preconceito em torno das infecções sexualmente transmissíveis e reforçar que nossas unidades estão de portas abertas para todos que precisarem de orientações e acompanhamento”, diz o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.

Outros indicadores do boletim também apontam para o melhor cenário da década. O município registrou o menor percentual de positividade de testes dos últimos 10 anos, com apenas 0,9% de resultados positivos. A mortalidade também caiu drasticamente: foram 357 óbitos em 2025, o menor número de toda a série histórica — em 2014, o registro era de 917 óbitos. Além disso, houve uma grande redução de crianças nascendo com HIV (transmissão vertical): de 23 casos em 2014 para apenas dois neste ano.
É importante destacar que o tratamento adequado das pessoas que vivem com o vírus HIV permite alcançar a carga viral indetectável, tornando-as intransmissíveis. Atualmente, as unidades de Atenção Primária realizam o acompanhamento de 45.098 pessoas diagnosticadas com HIV. De todas as pessoas que realizaram teste de carga viral, 93% apresentaram resultado indetectável, o maior número de toda a série histórica. A íntegra do boletim está disponível no site da Secretaria Municipal de Saúde.
“Os indicadores apresentados no boletim consolidam uma inflexão importante na trajetória do HIV/Aids no município. A queda simultânea na detecção, na mortalidade e na transmissão vertical sinaliza que a integração entre vigilância epidemiológica, Atenção Primária e políticas de prevenção está produzindo resultados sólidos e sustentáveis. Ainda assim, seguimos com o compromisso de ampliar o acesso precoce ao diagnóstico e de fortalecer estratégias combinadas de prevenção, medidas fundamentais para manter esse avanço”, pontua o subsecretário de Promoção, Atenção Primária e Vigilância em Saúde, Renato Cony.
Dia D e ações especiais durante todo o mês
As unidades da rede municipal de saúde receberão uma série de ações especiais para o Dezembro Vermelho. Este ano, o Dia D da campanha acontece no sábado dia 13, em todas as unidades de Atenção Primária (clínicas da família e centros municipais de saúde), para mobilizar e facilitar o acesso à prevenção e ao tratamento, oferecendo testes rápidos de HIV, sífilis e hepatites B e C, além de vacinação contra hepatite B, A e HPV e distribuição de preservativos e outros insumos de prevenção para quem não consegue comparecer às unidades durante a semana. Haverá ainda atividades extramuros em espaços de grande circulação, como praças e parques, para levar informação sobre diagnóstico oportuno e combate ao preconceito, buscando aproximar o cuidado da população e dar visibilidade à luta contra o HIV/Aids.

Durante todo o mês, as unidades promoverão atividades educativas para reforçar a importância da proteção sexual, com foco na prevenção combinada, que une diferentes métodos de prevenção. Uma novidade é o estímulo ao autoteste de HIV, que permite ao usuário realizar o exame com maior autonomia e privacidade, podendo inclusive levá-lo para parceiros que não acessam a unidade de saúde.
Além da PrEP, outros métodos de prevenção são distribuídos gratuitamente pelas clínicas da família, centros municipais de saúde e unidades de Atenção Primária, como preservativos internos e externos e gel lubrificante. A rede municipal de saúde oferece ainda a profilaxia pós-exposição (PEP), terapia com antirretrovirais utilizada por 28 dias após uma possível exposição ao vírus, como em relações sexuais desprotegidas, violência sexual ou acidentes com material biológico. Nesses casos, é fundamental buscar atendimento imediato em hospitais, UPAs ou clínicas da família para avaliação e início do tratamento dentro do prazo recomendado.
“Fico muito feliz, como atuante na causa há 30 anos, que a decisão do secretário Soranz de criar uma coordenação para prevenção de saúde tenha ajudado a trazer esses resultados, seja na queda brutal de infecção ou no aumento da PrEP”, diz Carlos Tufvesson, coordenador de Prevenção em Saúde da SMS. “Prevenção se dá com informação. Vá em qualquer clínica da família e faça a PrEP, não precisa ser a sua cadastrada. A rede também oferece PEP e tratamento para pessoas com diagnóstico de HIV, contribuindo para combater o estigma e o preconceito em torno da doença”, completa.
Sobre a data
O dia 1º de dezembro foi instituído como o Dia Mundial de Luta contra a Aids em 1988 pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para chamar a atenção para a proliferação do vírus HIV como um problema de saúde pública global. No Brasil, a campanha Dezembro Vermelho visa engajar profissionais e usuários para a prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos das pessoas que vivem com HIV/Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis.
O HIV (vírus da imunodeficiência humana) ataca o sistema imunológico, responsável pela defesa do organismo contra doenças. A infecção acontece principalmente por relação sexual vaginal, anal ou oral sem preservativo com um parceiro soropositivo, isto é, alguém que já tenha sido infectado pelo vírus.
Confira o boletim epidemiológico aqui













