
Entre os dias 27, 28 e 29 de novembro, o Instituto Municipal de Assistência à Saúde Nise da Silveira realizou o Seminário Memórias da Loucura. Com o tema “Desafios do laço social: violências e vulnerabilidades”, o Seminário, esse ano em sua sétima edição, tem se marcado como importante evento na Rede de Atenção Psicossocial do Rio de Janeiro.
O Seminário tem como objetivo promover um espaço de debate e reflexão sobre o papel da História e da Memória para a consolidação da Reforma Psiquiátrica Brasileira e das práticas no campo da Atenção Psicossocial.
O tema da vez propôs abordar diversas formas de violências e vulnerabilidades presentes em nossa sociedade e a forma como elas impactaram historicamente e ainda impactam a Saúde Mental, abordando os caminhos, dificuldades e avanços das práticas clínicas e relacionado a outras estruturas de violência vinculadas a estruturas sociais como gênero, raça e classe, cada vez mais apontadas como determinantes das condições de saúde e doença.
Anualmente, o Seminário fomenta um encontro entre trabalhadores da Saúde Mental, estudantes, usuários e familiares em três dias com a presença de mesas de debate, simpósios temáticos, mostra artística e apresentações culturais. A participação é gratuita.
Nesta edição, o Seminário bateu recorde de inscrições para apresentação de trabalhos nos simpósios e na mostra artística. Com o apoio da equipe do Centro Cultural do Ministério da Saúde (CCMS) e da Diretoria de Gestão Hospitalar (DGH) na cobertura do evento, a expectativa é de expansão para as próximas edições.
O evento contou com a tradicional mesa de abertura, composta pela diretora do Instituto, Erika Pontes, do Superintendente de Saúde Mental do Rio de Janeiro, Hugo Fagundes e de Miriam Galvão, usuária da RAPS e empreendedora. A mesa foi sucedida pela conferência de Rachel Gouveia intitulada “Saúde mental, atenção psicossocial e violências interseccionais: a urgência de estratégias antirracistas e decoloniais”. A primeira leva de apresentações dos simpósios temáticos (que se estendem por todo o evento) e da mostra artística também aconteceu e, ao final da tarde, a criançada da Bateria Furiosinha – Aprendizes do Salgueiro deu um show de ritmo, encerrando o primeiro dia.
No dia 28 de novembro, a mesa intitulada “O cuidado em saúde mental na infância: história e perspectivas” abriu o Seminário, seguida de uma mesa especial em comemoração aos 30 anos da Residência Multiprofissional em Saúde Mental da SMS-Rio. No começo da tarde, a segunda leva dos simpósios temáticos deu continuidade em plurais locais do Instituto. No final da tarde, o Seminário se fechou com lindas apresentações de poesias e performances na última sessão da Mostra Artística, na sede do Loucura Suburbana.
O Seminário abriu seu último dia com a mesa “Violências e vulnerabilidades: desafios para o campo da Saúde Mental”. Em seguida, a comissão organizadora do Seminário fez uma homenagem à profissional Ariadne Mendes, coordenadora do Ponto de Cultura Loucura Suburbana. O Auditório Milton Freire teve sua última apresentação com o lançamento do livro “Varianças – Poesias”, estreia no mundo literário de Regina Peixoto. O livro é uma produção editorial da EncantArte Editora – oficina de geração de trabalho e renda do Ponto de Cultura Loucura Suburbana, que tem sede no Nise. A última leva de simpósios temáticos aconteceu, seguido da obrigatória Roda de Samba com a Turma do Loucura, que aconteceu no Memorial da Loucura do Engenho de Dentro e é composto pela Bateria ‘A Insandecida’, responsáveis por um dos blocos carnavalescos mais icônicos do Rio de Janeiro, o Loucura Suburbana.
O Instituto Municipal Nise da Silveira
O Instituto Municipal Nise da Silveira faz parte da rede municipal de saúde do Rio de Janeiro e segue os preceitos da Reforma Psiquiátrica Brasileira. Nas últimas três décadas, o foco do trabalho esteve na desconstrução do aparato manicomial, tendo como base as ações de desinstitucionalização e o incremento e incentivo às atividades culturais. O trabalho foca na desconstrução da lógica asilar, que vem sendo gradativamente substituída pela rede de cuidados dos Centros de Atenção Psicossociais (CAPSs). Além de acompanhar a transformação de antigos espaços destinados às práticas manicomiais em um parque urbano.
Atualmente, o Instituto oferece atendimento ambulatorial em saúde mental, assim como, atividades no campo da arte, cultura, esporte, lazer, geração de renda, e preservação da memória e acervo histórico.