
O nome da médica Guilhermina Maria Galvão Siqueira Gomes se confunde com o próprio Programa de Atendimento Domiciliar ao Idoso (PADI). Homenageada pela Câmara dos Vereadores nesta segunda-feira (19), a idealizadora do PADI recebeu uma placa em agradecimento e reconhecimento aos serviços públicos prestados à população. Guilhermina, em 1997, criou o piloto do programa que já atendeu a mais de mil pacientes em casa, somente na Ilha do Governador, e serviu como base para que o Ministério da Saúde implantasse programa semelhante em todo o Brasil, conhecido como Melhor em Casa.
“Na época, o Hospital Municipal Paulino Werneck tinha um pequeno número de leitos e a atenção básica era muito precária e praticamente não existia. Os leitos ficavam cheios, os pacientes crônicos chegavam, eram atendidos, iam para a enfermaria, tinham alta e acabavam retornando à unidade, muitas vezes de forma crítica”, contou Guilhermina.
Esse cenário fez com que Guilhermina Galvão fizesse um cálculo sobre quanto custaria um paciente no leito hospitalar e quanto seria o custo se esse paciente fosse tratado em casa. Com base nesses dados, criou um projeto de atendimento domiciliar, que foi prontamente aceito pelo então secretário municipal de saúde, Ronaldo Gazolla.
“Começa pequeno, mas pensa grande e começa!!!. Foi o que eu ouvi quando começamos do nada e fomos crescendo”, relembra a médica, emocionada pela surpresa preparada por toda a equipe para a entrega da placa no hoje Hospital Maternidade Paulino Werneck.
Atualmente, o PADI tem, em toda a cidade, 19 equipes multiprofissionais de atenção domiciliar, cada uma com médico, fisioterapeuta, enfermeiro e técnico de enfermagem. Além disso, outras sete equipes (com profissionais de fonoaudiologia, terapia ocupacional, nutrição e psicologia) completam o atendimento domiciliar. Todos os meses há admissões e alta de pacientes, que são cerca de 1.200 por mês em toda a cidade. As equipes estão baseadas nos hospitais municipais Miguel Couto (Gávea), Salgado Filho (Méier), Francisco da Silva Telles (Irajá), Paulino Werneck (Ilha do Governador), Lourenço Jorge (Barra da Tijuca), Rocha Faria (Campo Grande), Albert Schweitzer (Realengo) e Pedro II (Santa Cruz), e são responsáveis por garantir a continuidade do atendimento ao paciente que recebe alta, mas ainda precisa de cuidados. Profissionais de saúde também realizam a busca ativa, avaliando os casos que podem ser inseridos no programa. Além disso, pacientes da rede municipal podem ter acesso ao PADI por meio do SISREG.
Guilhermina é médica e advogada, casada com o também médico João Batista Siqueira Gomes, que junto com ela integra a equipe do PADI. Dr João conta que somente na Ilha do Governador a equipe atende cerca de 90 pacientes. Os quadros mais comuns, segundo ele, são sequelas de AVC, demências diversas e velhice.
“Já cuidamos de uma senhora com 108 anos. Hoje, nossa paciente mais idosa é a dona Auristela Amorim, viúva de um dos fundadores do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira, no complexo hospitalar da UFRJ”, contou o médico.
Representantes da Secretaria Municipal de Saúde e toda a equipe do PADI Ilha compareceram à homenagem prestada a Guilhermina Galvão.
“Tenho um sentimento de gratidão pelo fato de eu ter conseguido pensar nisso e colocado em prática. E me sinto como uma ferramenta de uma coisa muito maior, um verdadeiro propósito. Espero continuar cuidando enquanto Deus permitir e me der força e saúde física e mental”, concluiu a médica que até hoje coordena as equipes do PADI na Ilha do Governador.