
Em junho, os arraiás retomam o calendário cultural dos cariocas. Marcadas por danças e comidas típicas, as festas juninas, contudo, exigem atenção para o manuseio do fogo. Seja em fogueiras, na preparação de alimentos ou nos fogos de artifício, é preciso cuidado redobrado para a alegria não se transformar em uma experiência desagradável. Em 2024, os hospitais da rede municipal atenderam, entre junho e agosto, 356 pacientes com queimaduras graves.
A Secretaria Municipal de Saúde do Rio (SMS) conta com três centros de tratamento de queimados (CTQ) nos hospitais Souza Aguiar, Pedro II e do Andaraí. Porém todas as unidades de urgência e emergência da rede municipal de saúde podem dar o primeiro atendimento para casos de queimaduras, transferindo o paciente para os hospitais de referência, quando necessário. Para casos de menor gravidade, as unidades de Atenção Primária (centros municipais de saúde e clínicas da família) também estão aptas a realizar o atendimento.
No maior CTQ do Rio, o do Hospital Municipal Pedro II, o perfil de pacientes internados nesta época do ano é diversificado. Mas um dado chama atenção: cerca de 65% são crianças e adolescentes de 5 a 14 anos, o que reforça a importância da supervisão dos pais e responsáveis sobre as brincadeiras nas festas. Quem percebe um aumento nos atendimentos por queimadura nesta época do ano é a chefe do CTQ da unidade, a chefe do CTQ, Carolina Junqueira.
“É um acréscimo sazonal entre 30% a 40% nos atendimentos, resultando numa sobrecarga para a unidade e o setor de Emergência. As principais causas são o manuseio incorreto de fogos de artifício e fogueiras, além do preparo de comidas típicas. E uma vez que a vítima deste acidente dá entrada na unidade, o cirurgião plástico vai avaliar o ferimento e decidir se interna ou não, a depender do quadro. A equipe faz o curativo e passa as devidas orientações para cuidados em casa, quando não há necessidade de internação”, explicou a médica.
Recém-incorporado à rede municipal, o CTQ do Hospital do Andaraí voltou a atender casos de queimaduras graves após a reabertura da Emergência, no início de fevereiro. Chefe do CTQ, o médico Orido Pinheiro reforça as recomendações para um São João seguro:
“As pessoas precisam tomar certas precauções, como não soltar balões, o que inclusive é um crime previsto em lei, se distanciar de fogos de artifício e das fogueiras. É necessário tomar cuidado ainda com produtos voláteis, como álcool, próximo a áreas de perigo. Supervisione o uso do fogão e mantenha crianças longe da cozinha.”
Em caso de acidente com queimadura, Pinheiro recomenda: “Sempre priorize água resfriada para minimizar a dor e procure por um serviço médico, em uma clínica da família, se o ferimento for superficial, ou em UPAs ou unidades hospitalares, conforme a gravidade e extensão da área atingida.”
A cirurgiã plástica Irene Daher, chefe do CTQ do Hospital Municipal Souza Aguiar, também alerta sobre os mitos: “Às vezes ouvimos receitas caseiras para tratar as queimaduras, mas é preciso ter muito cuidado com isso. Não é recomendado passar pasta de dente, manteiga, café, nem nada do tipo na região da lesão. O uso desses produtos pode prejudicar o local. Em caso de queimadura, o mais indicado é manter o local resfriado, pode ser com um pano úmido, e procurar atendimento numa unidade de saúde.”