Um dos grandes diferenciais do Sistema Único de Saúde (SUS), tornando-o um programa de excelência e referência mundial, é a integração entre profissionais de diversas formações, em prol da melhor assistência e promoção à saúde dos pacientes. E, uma delas, a enfermagem, reflete o amplo cuidado que cada usuário recebe em diferentes esferas do SUS. Neste 12 de maio, Dia Internacional da Enfermagem, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) do Rio celebra a importância dessa classe para a assistência dos pacientes. Dos 16,5 mil enfermeiros na ativa hoje no Município do Rio, 70% deles atuam na rede pública.
Os 1,6 mil enfermeiros das clínicas da família, centros municipais de saúde e policlínicas da SMS estão habilitados — dentro de protocolos preconizados pelo Ministério da Saúde e reconhecidos pelo COnselho Federal de Enfermagem — para realizar consulta, análise dos laudos de exames, coleta de material para exames, renovação de receitas, praticar educação em saúde, prezar pelo cuidado em saúde mental, gestão, entre outras atuações, marcando a característica de multifuncionalidade da profissão. Com isso, ajudam a agilizar a fila para atendimentos e procedimentos e imprimem qualidade no gerenciamento das clínicas da família.
Thamyres Miranda é enfermeira e exemplo de profissional que, desde 2015, acompanha cariocas em todas as fases da vida. Hoje ela é responsável técnica e preceptora do programa de residência de enfermagem na Clínica da Família Helena Besserman Vianna, em Rio das Pedras. Mas o vínculo dela com a rede municipal de saúde começou anos antes: ainda durante a faculdade de Enfermagem, sua primeira experiência como profissional foi atuando no SUS como acadêmica bolsista na Coordenação do Programa de Imunizações do Município do Rio. No ano seguinte, em 2018, passou para residência em Saúde da Família, na mesma CF Helena Besserman Vianna onde atua hoje, ficando por dois anos. Ela também já trabalhou em outra unidade próxima até que, em 2021, retornou para a clínica do bairro de Rio das Pedras.
“Na enfermagem aprendemos e praticamos o cuidado compartilhado do paciente, fortalecendo seu elo com o território, isto é, fazemos a construção do processo de vida para prestar a assistência. Enxergamos além do paciente: entendemos que ele é filho/pai/marido de alguém, com uma bagagem social, cultural, econômica, entre outros aspectos, e que sua doença interfere em vários campos da sua vida e dos que estão próximos dele. Aqui, na Atenção Primária pública, a gente vive o que é o SUS de verdade, luta pelos direitos de cada cidadão”, explica Thamyres.
Muito além do estado físico dos pacientes, os enfermeiros da Estratégia Saúde da Família avaliam também suas condições emocionais e sociais, englobando todo o contexto em que estão inseridos. O cidadão é acompanhado tanto no âmbito individual quanto no coletivo, como aponta o secretário Municipal de Saúde, Daniel Soranz.
“Humanização é um norteador no trabalho das nossas enfermeiras e enfermeiros. Em muitas unidades nossas são eles os profissionais com quem o cidadão estabelece um vínculo mais próximo, com quem se sente confortável para relatar seu caso pelo âmbito sintomático, como também emocional. E isso não é só pela competência técnica, mas também pelo acolhimento integral encontrado. Enfermagem é cuidado clínico, mental e social”, destaca o secretário Daniel Soranz.
E os novos profissionais que estão se formando e já entram em contato com essa lógica assistencial da SMS são a perspectiva da continuidade dessa abordagem ampliada da enfermagem na rede. Em 2021, Thamyres teve a oportunidade de retribuir os ensinamentos que recebeu durante sua formação ao assumir, na própria CF Helena Besserman, o posto de preceptora dos estagiários da mesma especialização que cursou (Saúde da Família). Hoje são duas turmas, com um total de nove alunos, sob sua tutela.
“Busco passar pros residentes que nossa profissão abrange gerenciar pessoas e processos. Coordenamos o cuidado e conduzimos o atendimento. Pelo amplo espectro, é uma atuação que nos exige muito, mas não me imagino fazendo outra coisa. Amo o que faço! Enfermagem é sobre engajamento. É acreditar que o SUS vai se fortalecer e continuar. As orientações aos residentes são para multiplicar gente que cuida de gente. Ajudo a formar especialistas em gente, que entendem a função ampliada da enfermagem”, conclui a enfermeira, emocionada.