Nova plataforma da SMS agrega prontuários, melhorando atendimento ao paciente - Fotot;: Edu Kapps/SMS
Uma moradora da Rocinha procura a Clínica da Família Maria do Socorro para investigar a causa de suas dores crônicas, que vêm se intensificando. O médico que a atende levanta algumas hipóteses diagnósticas, mas é preciso fazer exames mais específicos para definir a raiz do problema. Então ele vai ao computador, dá dois cliques e descobre que os exames que indicaria para a paciente já tinham sido realizados há alguns meses. E mais: já tinham apontado a causa dos sintomas. Com isso, o médico soube logo qual conduta adotar, abreviando em dois meses o diagnóstico e o tratamento da paciente.
O caso, que de fato aconteceu, ilustra os benefícios do novo Histórico Clínico Integrado (HCI), plataforma digital que reúne informações de mais de 7 milhões de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade do Rio de Janeiro. Pioneiro no Brasil, o sistema foi desenvolvido pela Diretoria de Inovação e Tecnologia da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS) e integra dados de prontuários das redes de Atenção Primária (centros municipais de saúde e clínicas da família) e de Urgência e Emergência (hospitais, UPAs e CERs), disponibilizando ao médico e/ou ao enfermeiro o histórico de saúde de cada paciente numa única plataforma.
Com uma interface intuitiva e rápida, o HCI exibe todas as informações disponíveis sobre a história clínica do usuário nos últimos cinco anos, incluindo atendimentos, exames, consultas, medicamentos de uso contínuo e administrados em internações, condições pré-existentes e alergias, entre outros. Inspirada no modelo da Dinamarca, a iniciativa busca tornar o atendimento na rede municipal mais colaborativo, assertivo e personalizado.
Essa integração de dados soluciona desafios antigos do atendimento. No caso de exames laboratoriais e de imagem, o sistema evita problemas com pacientes que esquecem de levar os resultados físicos, permitindo que o médico visualize as informações de forma ágil e eficiente na tela. O vínculo também beneficia a saúde mental, facilitando o monitoramento de pacientes que não retornam para consultas regulares ao identificar, por exemplo, se a ausência ocorreu por motivo de internação. Além disso, a plataforma viabiliza a comunicação direta entre profissionais de diferentes unidades para casos que demandem abordagem integrada.
Exclusivo para médicos, enfermeiros e dentistas com contrato ativo com a SMS, o novo sistema segue as normas da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), com acesso por login pessoal e intransferível, realizado pelo CPF do profissional conforme cadastro na plataforma gov.br. O ambiente virtual também é permanentemente monitorado e conta com uma robusta estrutura de segurança, com robôs capazes de detectar e neutralizar qualquer ameaça. Os profissionais da rede municipal de saúde podem acessar o HCI pelo link hci.rio.gov.br.
O Histórico Clínico Integrado é um desdobramento da implantação do Data Lake da Saúde, um grande repositório de informações em nuvem criado pela SMS em parceria com a empresa Iplan-Rio que reúne dados de diversas fontes e é utilizado ainda por outros setores da secretaria. O desenvolvimento do HCI durou cerca de um ano e meio, com os primeiros testes iniciados ainda em 2024 e uma expansão experimental realizada em abril deste ano para toda a Área Programática 5.1 (Bangu). A plataforma já está disponível para toda a rede municipal de saúde.
“O lançamento do HCI é um avanço fundamental para a rede municipal de saúde e um modelo de inovação para todo o SUS. A integração de dados de diferentes unidades e sistemas nos permite ter uma visão abrangente e detalhada da história e do contexto de cada paciente, contribuindo para a boa conduta médica, para o conforto e a segurança do usuário e, no fim das contas, para salvar vidas. O município do Rio é mais uma vez pioneiro ao implementar uma tecnologia de vanguarda, totalmente construída por profissionais da própria secretaria, numa rede tão grande e diversa quanto a nossa”, diz o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.
