Programa emprega usuários de CAPS para oferecer ajuda mútua

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Publicado em 03/06/2024 - 17:00  |  Atualizado em 04/06/2024 - 12:35
Reunião de facilitadores do projeto Suporte de Pares. Crédito: Divulgação / SMS

Um economista que trabalha no mercado financeiro, enriquece, fica viciado no perigoso jogo do comércio de ações, perde o dinheiro, o casamento e o contato com a família, e vai viver na rua. Uma mulher que, com dois diplomas de ensino superior e histórico de experiências profissionais, não consegue trabalhar porque precisa cuidar de seu filho autista, até se ver financeiramente presa a um casamento abusivo. Histórias de filme. Mas essa era a realidade para Mauro e Camila até o dia em que conheceram, cada qual de um jeito, o projeto Suporte de Pares, presente na rede de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) do município do Rio. A partir dali, a vida tomou outro rumo. Num mesmo lugar, encontraram suporte emocional e, uma vez recuperados, a chance de que precisavam: foram contratados pela própria Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS) e hoje ajudam outras pessoas a traçar novos destinos.

O Rio de Janeiro é o primeiro e único município do país a institucionalizar o Suporte de Pares, uma estratégia do movimento antimanicomial que busca promover o auxílio mútuo entre pacientes da rede de Saúde Mental. A iniciativa ajuda os pacientes em tratamento e, simultaneamente, combate a instabilidade financeira, um dos maiores gatilhos para transtornos psicológicos e psiquiátricos. No projeto, usuários restabelecidos são remunerados para trabalhar no cuidado aos demais pacientes, em atividades como roda de conversa, escuta individualizada e assistência para acesso a serviços (como cadastros e benefícios), além de oficinas de música, futebol e caminhada, entre outras. Atualmente, o projeto tem 30 participantes.

“Muitas vezes, a pessoa chega aqui desolada, sem esperança. A gente vai caminhando junto com ela, com a orientação dos profissionais, e então ela consegue se recuperar, ver uma luz no fim do túnel, trabalhar e voltar a ter uma vida digna”, diz Camila Mourão, 39 anos, mãe do menino Noah, de 11, diagnosticado com TEA (transtorno do espectro autista).

Ela conta que o Suporte de Pares a resgatou de um quadro de absoluto desamparo. Ao deixar o emprego para cuidar do filho — uma tarefa que nunca aceitou delegar a ninguém —, viu-se aprisionada num casamento opressivo, sem renda própria. Sofreu violência doméstica. Tomou coragem para pedir o divórcio, mas, aí, vieram as contas. Formada em publicidade e pedagogia, recorreu a bicos para sobreviver e alimentar o filho. Sozinha para tudo, chegou a passar necessidade, mas nunca deixou faltar nada para Noah. No CAPSI Heitor Villa Lobos, em Madureira, onde o menino é acompanhado desde os 4 anos, ela ficou sabendo do Suporte de Pares e resolveu se dar uma chance.

“Com o projeto, consegui ter independência financeira, colocar as contas em dia, dar uma qualidade de vida boa Noah, com coisas que antes eu não tinha condições de dar, como aula extracurricular”, conta a pedagoga, que conseguiu até voltar a estudar e, inspirada no próprio filho, se especializou em neuropsicopedagogia e se tornou ativista pela defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos direitos das pessoas com deficiência.

“Num outro emprego, não haveria por parte da chefia a compreensão, por exemplo, de que vai ter dia em que meu filho vai ter crise e eu vou precisar contê-la”, reflete. No Suporte de Pares, ela também ganhou uma rede de apoio: “A gente se sustenta um ao outro em períodos de crise. Nosso vínculo é muito forte e extrapola o ambiente de trabalho”.

Aconteceu a mesma coisa com Mauro Giorgi, 64, ele próprio usuário da rede de Saúde Mental. Chegou ao CAPS III Franco Basaglia, em Botafogo, após uma internação de 180 dias num hospital psiquiátrico em São Paulo. Recebeu o diagnóstico de depressão com traços esquizofrênicos. Aos poucos, numa oficina de jornal realizada por uma psicóloga da unidade, permitiu abrir-se pela escrita. À época, os únicos afetos de Mauro eram a gestora do CAPS, a psicóloga da oficina e um amigo que fizera na unidade. Assim, num processo imperfeito mas constante, ao fim de uma jornada de crises e melhoras, se reencontrou. Quando completou três anos de restabelecimento, foi convidado para participar do Suporte de Pares.

“Me apaixonei pelo projeto e pelas pessoas. Era tudo o que eu sonhava. Voltei a trabalhar, voltei a ser um cidadão, voltei a não depender dos outros para comer e dormir, e pude dar o direito de outros pacientes de colocarem seus pensamentos, vontades, dúvidas, alegrias, tristezas, vitórias e derrotas para fora”, diz emocionado o participante do projeto, que conta ter mudado até sua visão de mundo: “Deixei de ser arrogante, pedante, mal educado e elitista para abraçar os pacientes, escutá-los nos seus sofrimentos. Voltei a falar com minhas filhas, que dizem que agora gosto de gente”.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) é o órgão da Prefeitura do Rio de Janeiro responsável por reformular e executar a política municipal de saúde e, como gestora plena do Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade, garantir o atendimento universal da população, conforme os preceitos do SUS. É a SMS que, diante do conhecimento das características e demandas próprias da população carioca, organiza as prioridades da saúde pública da cidade, dentro do que é previsto nas políticas públicas e serviços ofertados pelo SUS.

 

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