Unidade de saúde desenvolve projeto de alfabetização de adultos

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Publicado em 21/05/2024 - 10:46  |  Atualizado em 21/05/2024 - 10:52
Iniciativa recuperou autoestima e proporcionou a oportunidade de ler e escrever para 14 pacientes - Foto: Bubu Duarte

Nunca é tarde para escrever a sua história. Palavras, letras, oportunidades. O Centro Municipal de Saúde (CMS) Vila do Céu, em Cosmos, Zona Oeste do Rio de Janeiro, desenvolveu um projeto de alfabetização na unidade para usuários jovens e adultos analfabetos ou semi-alfabetizados. Quatorze alunas que não sabiam ler ou escrever tiveram suas vidas transformadas pela integração da saúde e educação, no projeto batizado de “Nunca é tarde para escrever a sua história”.

A iniciativa surgiu pelo olhar de duas agentes comunitárias de saúde (ACS) da unidade, Thaís da Silva e Tatiana Gomes, ao perceberem uma demanda de usuários que não sabiam preencher suas informações na receita controlada ou até perdiam a validade. Por conta disso, o impacto era no uso da medicação, deixando de tomar ou fazendo de forma errada. Cursando o 6º período de Pedagogia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Thaís sentiu uma motivação para mudar a comunidade local ao unir a sua profissão de saúde com o curso na faculdade. 

“Senti um grande desejo em meu coração de montar uma turma de alfabetização para esses pacientes, que não concluíram seus estudos ou que nunca entraram em uma sala de aula. O objetivo era motivá-las a entrar em uma escola e dar seguimento aos seus estudos. No caso, nós seríamos uma ponte para que isso acontecesse”, explicou a ACS Thaís. 

De uma conversa com as colegas de profissão para esboçar o plano, a direção do CMS apoiou a ideia e realizou todos os trâmites para colocar em prática. A primeira aula aconteceu em novembro de 2022. O encontro era no Centro de Cultura e Ideias da unidade, de segunda a sexta-feira, das 8h às 9h.

Turma composta em sua maioria por mulheres idosas, as alunas tinham quatro professoras, com três agentes e uma usuária, com suas respectivas formações e experiências, sensibilizadas pela idealização do projeto. A unidade e parceiros conhecidos se prontificaram em disponibilizar todo o material necessário para o aprendizado. Tatiana Gomes conta que o trabalho era diário e detalhado e fala da emoção do retorno dado pelas alunas.

“Algo me marcou, foi num dia que eu não estava bem emocionalmente. Chego para dar aula sempre com meu sorriso no rosto, falo ‘bom dia minhas lindas’ e abraço cada uma delas. Nesse dia, uma aluna veio e conversou comigo, me agradeceu por eu ter ensinado ela a sorrir”, contou Tatiana.

Ensinar a ler e escrever, mas também proporcionar a recuperação da autoestima pessoal foi um resultado adicional e valioso. Nas aulas, as professoras se inspiraram no método de palavras geradoras do educador Paulo Freire com a finalidade de trabalhar com vocabulários do cotidiano. Algumas alunas apresentaram dificuldades no começo, como por exemplo segurar um lápis ou não conhecer as letras. A estratégia foi começar o ensinamento com o alfabeto, depois a coordenação motora e as sílabas. A cada dia uma nova palavra era introduzida e as aulas seguiam dessa forma, com dinâmicas, exercícios, artesanato e jogos didáticos. 

Em quase dois anos de estudo, as alunas acumularam conhecimento, dominaram a escrita, a leitura, inclusive as que não sabiam as vogais, hoje escrevem seus nomes completos. A formatura foi na última sexta-feira (10) com 14 alunas preparadas para o ingresso na Escola Municipal Antônia Vargas Cuquejo, numa classe do Ensino de Jovens e Adultos (EJA). A gerente do CMS Vila do Céu, Thaynã dos Santos, conta que as agentes comunitárias de saúde auxiliaram no processo de documentação para a matrícula. Observar toda a equipe empenhada no propósito a emociona. 

“Me encantei com o projeto desde o primeiro dia. Essa é a saúde da família que eu acredito, luto e me empenho todos os dias. Ter o privilégio de acompanhar os avanços dessas mulheres fortes é ter certeza que estamos no caminho certo da construção de uma Atenção Primária forte, da qual usuários e colaboradores se orgulham em pertencer”, disse Thaynã. 

O que motivou Maria de Lourdes Costa a frequentar as aulas foi o desejo de conseguir fazer as atividades de rotina e, principalmente, saber como ler a bíblia. Aos 74 anos, ela se sente uma nova pessoa com todos os conhecimentos adquiridos. Feliz, a idosa passou a ser mais ativa no dia a dia e garante que os estudos não vão parar. 

“A minha formatura foi a realização de um sonho. Eu abri a bíblia com todas as pessoas presentes ali naquele momento e li em voz alta o versículo que eu escolhi. Foi muito gratificante”, revelou a formanda Maria de Lourdes. 

Ivone Maia, de 64 anos, também compartilha como sua vida mudou ao participar da iniciativa. A sala de aula, com mesa e cadeira, antes visto como um espaço conflituoso, passou a ser sentido como um ambiente acolhedor e de esperança para a usuária do CMS: “A aula que me marcou muito foi no dia que eu conheci as letras e pude juntá-las. Essa era a minha dificuldade. E aprender a ler e a escrever foi uma porta que se abriu na minha vida”. 

“O conceito amplo de saúde da Organização Mundial de Saúde está relacionado ao completo bem estar físico, emocional, social e mental, e não só à ausência de doença. É pensar de fato que está relacionado também a uma medida de cidadania que permite assinar o próprio nome”, explicou Douglas Torres, coordenador de saúde da região de Campo Grande, que engloba a unidade de Cosmos, que acompanhou a iniciativa.  

Após a conclusão da turma inaugural, o propósito é iniciar uma nova turma já no início de junho. Para se inscrever é necessário ser usuário do CMS Vila do Céu. É só procurar a direção da unidade. 

“Eu e Tatiana estamos conversando e pensando na possibilidade de multiplicar esse projeto em outras unidades. Queremos diminuir os números de assistidos que não sabem ler e escrever, recuperando a dignidade”, compartilhou a ACS Thaís da Silva.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) é o órgão da Prefeitura do Rio de Janeiro responsável por reformular e executar a política municipal de saúde e, como gestora plena do Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade, garantir o atendimento universal da população, conforme os preceitos do SUS. É a SMS que, diante do conhecimento das características e demandas próprias da população carioca, organiza as prioridades da saúde pública da cidade, dentro do que é previsto nas políticas públicas e serviços ofertados pelo SUS.

 

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